Uma doce reconciliação com a vida e com os outros

Já experimentou sorrir para quem se esqueceu de o fazer?

Ao longo da vida tenho conhecido pessoas brilhantes nos seus conhecimentos técnicos mas igualmente apagados e opacos na competência de saber lidar com os outros, e conseguir criar entusiasmo.

Lidar com os outros é provavelmente a maior dificuldade que enfrentamos na vida. Seja para quem trabalha em grandes instituições, seja para quem trabalha em casa, para um advogado, um empregado de mesa, um político, um médico, um professor, um canalizador, engenheiro, um pai, uma mãe ou um filho.

Sempre tive um forte gosto pelas pessoas. Posso passar horas sentada na rua a observar e a desvendar cada rosto, movimento e gesto que não conheço. No café, com os amigos, voo rapidamente para as outras mesas para captar incessantemente novas  expressões, conversas e feições. Gosto de entender a razão das pessoas que me rodeiam e de aprender com quem me cruzo e admiro.

Tento aproveitar, ao máximo, a empatia. E tento potenciar, todos os dias, a ligação com as pessoas do meu contacto – os filhos, o marido, o segurança do edifício, a amiga, os amigos, os conhecidos, o pai, a mãe, o senhor dos correios.

Porém, eu própria comprovo que tenho ainda muito para aprender sobre a importância dos nossos relacionamentos com os outros.

Nem sempre é fácil e constitui um dos grandes entraves para o nosso sucesso e bem-estar. Devemos estar cada vez mais despertos para a importância deste assunto e assim tentar orientar as nossas emoções e relação com os outros.

Uma gota de mel no momento certo do dia tem o poder de inibir ressentimentos e rancores  e de ativar  satisfação e boa vontade.

Através de situações práticas do meu dia a dia cheguei à conclusão ser fundamental para a nossa felicidade conseguir calçar os sapatos dos outros” e adoçar as nossas reações.

Fui comprovando que o nosso sucesso e felicidade,  êxito de uma empresa, de uma equipa, das relações de um grupo de amigos, dos pais e filhos ou até mesmo de um casal está totalmente dependente da nossa capacidade de conciliar e de encaixar os diferentes interesses, opiniões e gostos, dos que fazem parte dos nossos dias. Pessoas com experiências, idades, educações, percepções e culturas distintas.

Julgo importante não julgar os outros de forma gratuita e fazer um esforço de compreender aquela senhora antipática que nos atendeu da maneira mais rude e mal-educada, possível – que apetece responder  à letra e talvez  um tabefe.

No entanto vamos respirar fundo e pensar que aquela senhora pode estar com um problema na vida que a fez perder o norte –  o namorado que lhe deu uma tampa,  um filho doente,  a perda de alguém, egoísmo  ou a simples falta de visão para lidar com os outros.

Se o fizermos – conseguir entender a razão do outro lado – estaremos a encaminhar as nossas emoções para o bom caminho e fazer da paciência um nosso aliado. E  com sorte ainda lhe oferecemos um bocadinho dessa boa vontade e diligência. Que ela bem precisa – e não sabe.

E haverá coisa melhor ? Sorrir para quem se esqueceu de o fazer?

 

Cláudia Rodrigues Coutinho

Luanda, 8 de maio de 2019