Já aqui tive a oportunidade de vos apresentar o Dr. Renato Vieira Campos, uma pessoa boa das minhas grandes referências da vida. A sua simplicidade, generosidade e diligência captam a minha admiração e empatia.
Enviou-me um texto sobre um dos grandes desafios dos nossos dias e que se inclui no nosso presente e futuro.
A nossa relação com o planeta e com as nossas maiores ambições nem sempre é coerente e responsável. O nosso melhor, individual, nem sempre é o melhor para todos, para o mundo.
É neste caminho entre o desenvolvimento e o meio ambiente que temos de nos focar.
O Dr. Renato, neste texto simples e direto, alerta para o facto de haver apenas uma terra e um só mundo.
O Desenvolvimento e o Meio Ambiente
O consumo desequilibrado dos recursos naturais, sem a preocupação com as futuras gerações faz com que cada país lute pela sua sobrevivência e pela prosperidade quase sem levar em consideração o impacto que causa sobre os demais, alguns consomem os recursos da Terra a um tal ritmo que provavelmente pouco sobrará para as gerações futuras, outros, em número muito maior, consomem demasiado pouco e vivem na perspectiva da fome, da miséria, da doença e da morte prematura.
Contudo, é possível chegar a uma nova era de crescimento económico, fundamentada em políticas que ampliem a base de recursos da Terra. Infelizmente, mesmo a própria pobreza polui o meio ambiente, criando outro tipo de desgaste ambiental, pois para sobreviver, os mais pobres, muitas vezes, destroem o seu próprio meio ambiente: derrubam florestas, praticam o pastoreio intensivo, exauram as terras marginais e acorrem em número cada vez maior para as cidades já congestionadas.
Estudos apontam para que a maioria das vítimas destas catástrofes é constituída pelas populações das nações pobres, onde a agricultura de subsistência torna as suas terras mais sujeitas a secas e inundações, porque destroem as defesas das áreas marginais, tornando essas regiões carenciadas mais sujeitas a catástrofes. Não dispondo de alimentos nem de divisas, os governos economicamente vulneráveis desses países têm poucas condições de assim acudir a tais catástrofes.
Por sua vez, a produção de alimentos per capita, que vem declinando desde os anos 60, entrou em colapso durante a seca dos anos 80. No momento em que os alimentos eram mais necessários, cerca de 35 milhões de pessoas ficaram em risco. O homem tem atuado na natureza como se não fosse existir uma geração vindoura.
Também o “efeito estufa” e a destruição da camada de ozono da atmosfera, devido a gases libertados, são ameaças aos sistemas que sustentam a vida. As práticas de desertificação e o desflorestamento em grande escala são também ameaças à integridade de ecossistemas regionais. Por sua vez, a destruição das florestas e de outras áreas agrestes originam a extinção de espécies vegetais e animais reduzindo drasticamente a diversidade genética e ecossistemas do mundo. Esse processo priva as gerações atuais e futuras de material genético para aperfeiçoar variedades de cultivos, tornando-as mais vulneráveis ao desgaste provocado pelo clima, às pragas e às doenças. O desaparecimento de espécies e subespécies, muitas delas ainda não estudadas pela ciência, priva-nos, entre outras, de importantes fontes potenciais de remédios e produtos químicos industriais.
É assim, óbvio, que o meio ambiente e desenvolvimento não constituem desafios separados; estão inevitavelmente interligados. O desenvolvimento não se mantém se a base de recursos ambientais se deteriora; o meio ambiente não pode ser protegido se o crescimento não leva em conta as consequências da destruição ambiental. Esses problemas não podem ser tratados separadamente por instituições e políticas fragmentadas. É, pois, evidente que o desenvolvimento sustentável procure atender às necessidades e aspirações do presente sem comprometer as possibilidades de atendê-las no futuro. Mas, para que tal seja possível, é necessário que o desenvolvimento sustentável imponha, por sua vez, mudanças nas políticas internas e externas de todas as nações.
É por tudo isto fundamental e urgente, que todas as nações se unam para estabelecer políticas públicas que levem a um desenvolvimento sustentável. A unificação das necessidades humanas, requer um sistema multilateral que respeite o princípio do consenso democrático e reconheça que há apenas uma só Terra e um só Mundo.
RVC
Por Renato Vieira Campos