Uma doce reconciliação com a vida e com os outros

A razão de eu (vos) escrever, mesmo que, por vezes, não queira ou não saiba..

Praia da Mariquita, Namibe, Angola, 2019

O que será que procuramos nas palavras dos outros, ao ponto de nos fazerem parar para as tomar?

Este pensamento eu tenho-o sempre que escrevo ou leio.

Talvez porque os livros e os rabiscos me acompanham desde a infância. Talvez porque goste muito de escrever e ainda mais ler as palavras dos outros.

Penso mesmo muitas vezes nisto; e talvez entenda que as palavras pintam o que somos e transmitem a nossa arte de nos relacionarmos com a vida.

Ainda menina lembro-me de “passar a limpo”, para um caderno, alguns dos livros que lia numa tentativa de aprender a escrever como o autor que me cativara, e me fazia viajar com as suas palavras.

E sempre que tinha um problema resolvia-o(me) a escrever sobre isso, e compreendia.

Entendo assim a escrita como um esboço da vida, o rascunho do nosso destino, o tradutor das nossas memórias e essência.

Sempre vivi no mundo das palavras. Parece que tudo se torna mais fácil quando escrevo as minhas próprias palavras ou leio as dos outros.

Parece mesmo que esse lugar, das palavras, está sempre à minha espera para me mostrar um caminho que é o meu.

Enquanto escrevo traduzo o que tenho cá dentro – leia-se o meu ser, as minhas vivências, memórias, erros, defeitos, virtudes, desafios..

Dou tudo de mim e quando começo nunca sei onde vou parar.

Sigo o meu coração e intuição numa tentativa de levar ao mundo, a vocês, um humilde contributo de compreender a vida e as pessoas.

É por isso que escrevo sempre, mesmo que, por vezes, não queira ou não saiba.

Quando dou por mim, aqui estou.

Na certeza de uma total humildade e necessidade crescente de aprender;  julgo, as palavras servem para isso: para não esquecer.

Cláudia Rodrigues Coutinho

Santarém, 02 de janeiro 2020

*Obrigada. Feliz Ano 2020*